segunda-feira, 7 de abril de 2008

microcrises : última chance


Imagem de Amandy Gibbons

Sim , esta foi minha última chance. Apesar da pouco idade, reconheço quando o fim está próximo. Algo muda no céu, o ar descarrega partículas elétricas que vibram de forma aleatória. Sinais se revelam simultaneamente, explodem como pipoca no microondas. Vejo, ao acordar, que a luz da manhã está diferente, que o café não tem o mesmo gosto, que a porta de saída se afasta a cada passo que dou em direção a ela. O corredor se alonga até virar uma estrada estreita e pouco iluminada. O telefone toca, não atendo. O telefone toca de novo e de novo e de novo, enquanto eu continuo dando sinal de ocupado. Meu peito vibra de ansiedade. Não tenho medo de dinossauros, mamutes ou de tigres de dentes de sabre. Tenho sim pavor do que me acorrenta à essa vida ordinária. Amarras invisíveis que ora me aproximam, ora me afastam deste jogo perverso de querer ser feliz a todo custo.

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