Ouvi relatos de outros que tentaram e fracassaram, todos eles, um a um. Mas eu me julgava diferente. Me sentia especial. A própria montanha transmitia este sentimento, ao me acolher sempre que conseguia avançar alguns poucos metros. Mas era tudo uma grande farsa. Quanto mais subia e me aproximava do meu objetivo, mais exposto ficava ao frio e o ar rarefeito. Minhas esperanças congelaram, perdi todos os suprimentos e recursos emocionais. Fiquei dias pendurado imóvel, de cabeça para baixo, para que o sangue quente não abandonasse meu corpo. Insisti por ser fiel ao que acreditava, mas nada é o que parece. A montanha agora havia se transformando em um gigantesco iceberg. Uma massa disforme, dissimulada e fascinante: a mentira mais perfeita e cruel de todas. Os jornais disseram que eu desisti. A TV mostrou, em uma animação 3D, o ponto exato onde escorreguei. Fui dado como morto e nunca acharam meu corpo. Apenas os pássaros que conseguem atravessar a barreira de nuvens podem ver a minha bandeira fincada no ponto mais alto que um grande amor pode chegar.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
microcrises: barreira de nuvens (remix)
Ouvi relatos de outros que tentaram e fracassaram, todos eles, um a um. Mas eu me julgava diferente. Me sentia especial. A própria montanha transmitia este sentimento, ao me acolher sempre que conseguia avançar alguns poucos metros. Mas era tudo uma grande farsa. Quanto mais subia e me aproximava do meu objetivo, mais exposto ficava ao frio e o ar rarefeito. Minhas esperanças congelaram, perdi todos os suprimentos e recursos emocionais. Fiquei dias pendurado imóvel, de cabeça para baixo, para que o sangue quente não abandonasse meu corpo. Insisti por ser fiel ao que acreditava, mas nada é o que parece. A montanha agora havia se transformando em um gigantesco iceberg. Uma massa disforme, dissimulada e fascinante: a mentira mais perfeita e cruel de todas. Os jornais disseram que eu desisti. A TV mostrou, em uma animação 3D, o ponto exato onde escorreguei. Fui dado como morto e nunca acharam meu corpo. Apenas os pássaros que conseguem atravessar a barreira de nuvens podem ver a minha bandeira fincada no ponto mais alto que um grande amor pode chegar.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
microcrises : o mal - parte um
Imagem de Chime
O que eu fiz para merecer a sua crueldade? Revidar não consigo. Sei como te ferir, mas as palavras não saem da minha boca. Sinto a raiva me corroer por dentro, porém algo não permite que ela se movimente na sua direção. O que me impede de esmagar você como a um inseto, ao arrastar a sola do meu sapato rente ao chão?
O que eu fiz para merecer a sua crueldade? Revidar não consigo. Sei como te ferir, mas as palavras não saem da minha boca. Sinto a raiva me corroer por dentro, porém algo não permite que ela se movimente na sua direção. O que me impede de esmagar você como a um inseto, ao arrastar a sola do meu sapato rente ao chão?
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
microcrises – o passado
Imagem arquivo de famíla.
Olhei pelo olho mágico e não reconheci aquela figura fora de moda. Abri só uma fresta, mas o filha da puta enfiou o pé na porta e me deu um soco bem na ponta do queixo. Quando acordei, tudo estava coberto de pó e teias de aranha. Sobre a mesa, deixou um cartão postal: “Sempre saberei onde te encontrar. Este é o meu último aviso. Vê se me esquece.” Com as pernas ainda bambas, corri para a porta e cerrei todas as trancas.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
microcrises : fé
Não preciso me jogar do prédio mais alto para saber que vou me quebrar todo quando chegar lá embaixo. Enquanto o vento deforma meu rosto e tudo ao meu redor passa depressa, penso: como descobrir se milagres acontecem?
nanocrocrises : tapete mágico
Não me conheço. Não me reconheço. Não pertenço. O que penso que sou, não sou.
O que penso que sei, não sei. Quando você me puxou o tapete, não cai: flutuei.
O que penso que sei, não sei. Quando você me puxou o tapete, não cai: flutuei.
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