Andava tropicando pela rua, o olhar baixo, fixo no bico do tênis, nas ranhuras da calçada. Bitucas de cigarro, papel de bala, merda de cachorro. Seu mundo ficava alguns centímetros abaixo da linha do horizonte. Não raro esbarrava em alguém ou em alguma coisa. Como aquela vez que deu com a testa num poste. O impacto foi suficiente para lhe tirar algumas gotas de sangue, mas não o bastante para derrubá-lo. Ficou ali, a testa grudada no concreto, os braços largados ao longo do corpo. Foram dezoito minutos e quarenta e dois segundos cravados na mesma posição. Mais um recorde. Depois que ganhou relógio com cronômetro, pegou essa mania de dar valor e medida ao tempo. Menino estranho.
segunda-feira, 31 de março de 2008
microcrises : mais um recorde
Andava tropicando pela rua, o olhar baixo, fixo no bico do tênis, nas ranhuras da calçada. Bitucas de cigarro, papel de bala, merda de cachorro. Seu mundo ficava alguns centímetros abaixo da linha do horizonte. Não raro esbarrava em alguém ou em alguma coisa. Como aquela vez que deu com a testa num poste. O impacto foi suficiente para lhe tirar algumas gotas de sangue, mas não o bastante para derrubá-lo. Ficou ali, a testa grudada no concreto, os braços largados ao longo do corpo. Foram dezoito minutos e quarenta e dois segundos cravados na mesma posição. Mais um recorde. Depois que ganhou relógio com cronômetro, pegou essa mania de dar valor e medida ao tempo. Menino estranho.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Gostei muito dos seus microtextos, como este "mais um recorde" e "Os olhos da cara". Curtos, grossos, fluentes. Curti tudo que li. E a sua produção é significativa...cê vive em microcrise, é? Continue.
(www.blogdocascao.blogspot.com.br)
Muito legal, parabéns.
Postar um comentário