O som da sua voz não se propaga. Inferno frio, céu sombrio, universo branco que não adere a nada.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
microcrises: pulsar
Ao colocar o coração em tudo, um dia ficou sem, perdeu. Os olhos fixos, as mão vazias, tudo da mesma cor, do mesmo sabor. Na superfície, tudo parecia igual e era mesmo,mas sem o pulsar. Não é o mundo que vibra, somos nós. A vida agora deu um nó.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
microcrises : mortos e feridos
Quantas vezes você pensa em mim em um dia, em um mês, em um ano? Quantas vezes parei teu segundo, em um minuto, a qualquer hora, e invadi teus sonhos sem ser convidado. Se fizer as contas das lágrimas e suspiros, dos mortos e feridos, quantas vezes chamou meu nome de coração partido?
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
microcrises : nem feliz nem triste
Hoje a professora ensinou que toda regra tem uma ecessão. Apesar de não lembrar como escreve essa palavra, acho que entendi. Na minha sala quase todos os meus amigos tem pais que moram cada um em uma casa. Meus amigos falam que tudo bem, a gente acostuma. Todos tem dois quartos e ganham o dobro de brinquedos no aniversário. O Lu me falou que os pais dele brigavam muito. Mas aí eles se separaram e continuaram brigando mais ainda. A Juliana Marinho me contou que ela ficava procurando o pai embaixo do sofá, atrás da cortina da sala. Ela só tinha 2 anos e nem lembrava disso. Foi a mãe dela que contou pra ela. Agora a Juliana Marinho fica triste toda vez que lembra disso aí. Meus pais moram na mesma casa junto comigo. Sou uma exceção da regra, por enquanto. Não disse que tinha entendido? Mas não estou nem feliz nem triste por isso. Pelo menos dessa vez acho que escrevi aquela palavra direito.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
microcrises : 11 do 9
Ao me olhar no espelho, vejo essa pessoa boa, maravilhosa, realizada, de bem com a vida. Se você vê algo diferente, melhor seguir seu rumo. E, por favor, pare de me olhar como se hoje fosse 11 de setembro e eu um prédio prestes a desmoronar.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
microcrises : o peso das asas
Imagen de Fernanda Valadares
Amores desfeitos não têm rodinhas. Preciso te dizer que a jornada é curta e não convém excesso de bagagem. Se desfaça de tudo o que não é você e siga em frente. Há alguma coisa no ar além do peso das asas.quinta-feira, 30 de setembro de 2010
microcrises: mergulho
Deixo o mar cobrir as pontes que ligam meu coração ao passado e ao futuro. Respiro fundo e mais fundo, mergulho. Não há mais tristeza só esse silêncio, profundo.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
microcrises : na sua porta
Meu destino ainda é você. Mesmo quando troco as ruas, perco o rumo, não vejo a placa, acabo na sua porta, como num passe de mágica. A vida vai seguir assim? Até encontrar um atalho, um novo teto, um porão de assoalho. Até você se mudar de mim.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
microcrises : a semente do mal
Siga as migalhas, ligue os pontos, junte as peças. Você fez vista grossa e veja no que deu. O reflexo no espelho quer ser você. A sombra projetada quer ser você. A flecha virou um bumerangue e está vindo na sua direção. Sobre a cabeça, pronta para brotar, a maça podre começa pela semente.
domingo, 15 de agosto de 2010
microcrises : edredom
Fui ao banheiro e voltei para cama. Fui de novo, voltei. O edredom é o meu casulo. Nada lá fora me interessa. Que dia é hoje? Uma segunda de quinta ou uma quinta de segunda? Tanto faz. Elas acham que podem me enganar.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
microcrises : leve silêncio
Leve silêncio. Quase um sussuro. Nenhum movimento e tudo muda. Sem sininhos ou fogos de artifício. Uma luz, uma paz, duas certezas. Juntos nesse sono tranquilo. Nos teus olhos a minha vida acontece.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
microcrises : a vida segue
Tiro no peito, coração à deriva, colisão no cruzamento, sem vítimas fatais. Nada romântico, a maldição: o peito que acolheu a bala era o meu, o coração estendido na rua era o meu . E, no cruzamento, um engano: eu que passava distraído, pensando em você mais uma vez . Uma úlltima vez e nunca mais. Uma coisa fica, outra vai.
terça-feira, 27 de julho de 2010
nanocrises : pequeno milagre
Viver a rotina dos olhos que se fecham e que se abrem. Esse pequeno milagre. A vida é mais do mesmo. E se isso não for especial, seja lá o que for, é o que temos.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
microcrises : todos
Todas as celas, todos os ventres. Todas as estrelas, todas as sementes. Todos os desejos, todos de repente, esperam você voltar com um arco-íris entre os dentes.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
microcrises : primitivo
Sou eu contra mim mesmo. Esse lado escuro que não reconheço. Homem sério, velho que surge e que também sou eu. Olhos mansos escondem uma raiva primitiva: inveja, ciume, intolerância. Sombra que me acompanha, que anda dentro de mim, sem que eu saia do lugar. Onde quer que esteja, sempre triste, sem sorrisos fáceis e alegrias artifíciais. Sofro por mim e por todos. Meu coração é triste e terno. Como me dói não poder mais te agradar.
terça-feira, 13 de julho de 2010
microcrises : tudo que vem de você
O ar que entra e sai do seu peito. O meu, ainda dói. Mas só quando você respira.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
microcrises : o que acontece
O sonho mais lindo é o pior dos pesadelos, porque não dá vontade de acordar. É como não morrer e ver partir os amores que nasceram para ficar. Se nada permanece, então, fujo no que anoitece para me esconder na sombra de quem pode me achar.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
microcrises : vazio luminoso
Há um cansaço que preenche todos os espaços. Entre a minha boca e a sua, menos que um fio. Porém, o inevitável não acontece. Se permanecer imóvel, finco raizes, aperto o laço. Sem saber o que fazer, nada faço. Neste vazio denso e luminoso espero a vida começar outra vez.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
nanocrises : amoras
Uma mancha na sua camisa branca? Afinal, não és perfeita.
Só de ver você despencar amoras por aí, fico feliz.
Só de ver você despencar amoras por aí, fico feliz.
microcrises : nunca por muito tempo
Depois de 1760 dias, o abandono. Desculpe, mas sou assim. Já fiz isso várias e várias vezes. O coração suspenso, arrancado do corpo, na mesa do jantar. As vezes estou só, as vezes não. Nunca por muito tempo. Sou esse fantasma, faminto por tudo que não possuo. Quando tenho, não valorizo, dispenso, não quero mais. Gosto do que é novo. Até o novo ficar velho. E ele sempre fica. É só uma questão de tempo. Se quiser me ter, não permita que eu o tenha. Se quiser minha atenção, me ignore. É assim que eu funciono. Os olhares perdidos, enquanto afio as palavras, na minha fala mansa. A confiança quebrada, os corações partidos. Tudo bem, nenhum deles é o meu.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
microcrises : 180 dias
Isso tudo e nada é a mesma coisa. Vi você passar ao meu lado como uma estranha. Ao viver cada segundo como turista, conhece o mundo em 180 dias, mas não reconhece a si mesma.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
nanocrises : 2
quinta-feira, 8 de abril de 2010
microcrises : a dor
Quando ela aparecer, não resita, não lute, apenas deixe doer. Não tome nenhuma atitude, não seja rude, nada precisa acontecer. Apenas aceite o que o presente tem a oferecer.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
microcrises: barreira de nuvens (remix)
Ouvi relatos de outros que tentaram e fracassaram, todos eles, um a um. Mas eu me julgava diferente. Me sentia especial. A própria montanha transmitia este sentimento, ao me acolher sempre que conseguia avançar alguns poucos metros. Mas era tudo uma grande farsa. Quanto mais subia e me aproximava do meu objetivo, mais exposto ficava ao frio e o ar rarefeito. Minhas esperanças congelaram, perdi todos os suprimentos e recursos emocionais. Fiquei dias pendurado imóvel, de cabeça para baixo, para que o sangue quente não abandonasse meu corpo. Insisti por ser fiel ao que acreditava, mas nada é o que parece. A montanha agora havia se transformando em um gigantesco iceberg. Uma massa disforme, dissimulada e fascinante: a mentira mais perfeita e cruel de todas. Os jornais disseram que eu desisti. A TV mostrou, em uma animação 3D, o ponto exato onde escorreguei. Fui dado como morto e nunca acharam meu corpo. Apenas os pássaros que conseguem atravessar a barreira de nuvens podem ver a minha bandeira fincada no ponto mais alto que um grande amor pode chegar.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
microcrises : o mal - parte um
Imagem de Chime
O que eu fiz para merecer a sua crueldade? Revidar não consigo. Sei como te ferir, mas as palavras não saem da minha boca. Sinto a raiva me corroer por dentro, porém algo não permite que ela se movimente na sua direção. O que me impede de esmagar você como a um inseto, ao arrastar a sola do meu sapato rente ao chão?
O que eu fiz para merecer a sua crueldade? Revidar não consigo. Sei como te ferir, mas as palavras não saem da minha boca. Sinto a raiva me corroer por dentro, porém algo não permite que ela se movimente na sua direção. O que me impede de esmagar você como a um inseto, ao arrastar a sola do meu sapato rente ao chão?
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
microcrises – o passado
Imagem arquivo de famíla.
Olhei pelo olho mágico e não reconheci aquela figura fora de moda. Abri só uma fresta, mas o filha da puta enfiou o pé na porta e me deu um soco bem na ponta do queixo. Quando acordei, tudo estava coberto de pó e teias de aranha. Sobre a mesa, deixou um cartão postal: “Sempre saberei onde te encontrar. Este é o meu último aviso. Vê se me esquece.” Com as pernas ainda bambas, corri para a porta e cerrei todas as trancas.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
microcrises : fé
Não preciso me jogar do prédio mais alto para saber que vou me quebrar todo quando chegar lá embaixo. Enquanto o vento deforma meu rosto e tudo ao meu redor passa depressa, penso: como descobrir se milagres acontecem?
nanocrocrises : tapete mágico
Não me conheço. Não me reconheço. Não pertenço. O que penso que sou, não sou.
O que penso que sei, não sei. Quando você me puxou o tapete, não cai: flutuei.
O que penso que sei, não sei. Quando você me puxou o tapete, não cai: flutuei.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
microcrises : invento amores
Invento amores. Sou boa nisso. É só a vida doer um pouquinho que pra mim é muito. Então, meus olhos reviram nas órbitas e eu escolho gostar de você. Mas poderia ser outro, qualquer um. Escolho e acredito. Gosto por decreto, amo por procuração. Sim, porque eu estou lá, mas não estou. Enquanto você me der prazer, me fizer sorrir e esquecer, eu fico. Mas isso nunca dura muito. Alguns meses, um ano. Acredito nas mentiras que invento. Mas, mesmo assim, não funciona. Aí, a vida começa a doer de novo. Esse buraco sem fundo dentro de mim. Meus olhos giram nas órbitas, alucinados. Sempre insatisfeitos e vorazes. Não é você, quem será? Invento amores porque não sei amar.
Assinar:
Postagens (Atom)